quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quatro paredes, Uma vida


Recentemente a minha vida sofreu uma ligeira mudança. As quatro paredes a que já me tinha acostumado, foram-me arrancadas num abrir e fechar de olhos. Pode parecer lírico mas neste caso a realidade quase que deixou de o ser pelo curto período de tempo. Aquele pedaço de cimento deixou de me pertencer como se nunca tivesse sido meu. A terra que me viu crescer em poucas horas viu-me também partir.
Dizem que as pessoas se prendem demais à casa onde vivem. Pode sê-lo em alguns casos, mas acredito que neste, e na maioria, não é ao espaço que se afeiçoam, é a tudo a que esse espaço já deu abrigo. A todas as pessoas que por ali já passaram, a todas as memórias que por ali ficaram. Não é o deixar uma casa que afecta as pessoas. Pedaços de cimento encontram-se por toda a parte. E sim, aí concordo com todos os que dizem que as pessoas dão demasiado valor a uma casa. É a mudança, a mudança de parte da nossa identidade que, ao contrário das posições mais positivistas, não têm sempre que trazer uma melhoria anexada à vida de quem muda.
Mudar não tem que ser sempre bom. Peço desculpa ao negócio multimilionário de livros de auto-ajuda que insistem em afirmar o contrário. Mas por vezes o que vem aí não é suficientemente bom para cobrir o que foi deixado para trás. Não estou a falar de perdas drásticas ou o texto seria de carácter bastante mais dramático mas mesmo assim cada perda é uma perda e é traduzida de maneira diferente de pessoa para pessoa. Para mim hoje, quatro paredes significam uma vida.

Natacha Meunier

2 comentários:

  1. Natacha, mais do que as quatro paredes, o mais importante são as pessoas que entram por elas, e que contigo por elas saem**

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