terça-feira, 20 de abril de 2010

A propósito das violações



Uma médica da África do Sul criou um preservativo "anti-violação" que funciona através de "ganchos" no interior que agarram o pénis. O objectivo deste produto é a distribuição no país durante o Mundial de Futebol onde, de acordo com as estatísticas, existem imensos casos de violações. Segundo a médica esta espécie de preservativo feminino não causa dor na mulher.

Natacha Meunier

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Violadores condenados. Pré requisito - experiência


Violador de criança com pena suspensa por não ter cadastro in Público


Por norma não costumo ser da mesma opinião que a maioria, mas neste caso tenho que concordar. Não houve uma decisão justa. Mais do que entristecer-me, revolta-me ver alguém capaz de fazer semelhante coisa a sair impune. É preciso haver uma espécie de "Curriculum Vitae" de abusos sexuais para se ter direito a uma pena equivalente ao crime de pedofilia? E pelos vistos mesmo os que têm conseguem escapar-se nas malhas da burocracia e na morosidade dos processos judiciais. Concordo com todos os que afirmam, radicais ou não, que a justiça em Portugal é praticamente inexistente. Quer pelas decisões dos tribunais quer pela imensidão de tempo que um processo leva a ter julgamento e resolução prática.
Discutia há poucos dias a indiferença dos cidadãos ao que está mal. Reclama-se muito em conversas de café e em filas de espera mas quando chega à tomada de acção parece que têm todos ou medo ou preguiça de fazer seja o que for. A minha posição neste assunto é a falta de esperança que se vem a amontoar no sistema. Perde-se a cidadania e o "pro-activo" da sociedade entre os papéis e sisudez das instituições Mesmo assim acredito que por mais que manchetes de jornal como esta possam desiludir até o mais activo cidadão, não pode nem deve ser motivo para cruzar os braços.

Natacha Meunier

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Quando o Jornalista é Carne para Canhão



A propósito da apresentação de hoje da jornalista Alexandra Lucas Coelho. A pergunta que lhe fiz sobre a reacção à aceitação do público aos pontos vistas que transmitia com os trabalhos que publicou sobre o Médio Oriente pôs-me a pensar depois. Cada vez que um jornalista trabalha sobre um assunto mais delicado, como foi o caso do trabalho da jornalista em questão aquando das reportagens sobre o conflito Israel Palestina, é exposto de tal maneira que nem o próprio faz ideia. A jornalista do Público esteve, a meu ver, à altura da pergunta. Quando as críticas tomam os dois partidos alguma coisa está bem. Concordo. Mas pergunto como é que um jornalista, e pergunto muito pessoalmente porque tenciono vir a sê-lo, abarca estas situações? Quando nos vemos no meio de mortos e feridos como o caso desta jornalista não nos podemos "colar" à utopia da objectividade. No meio de uma guerra parece um conceito absurdo. Em conflitos politizados um jornalista não pode tomar partidos mas concordo com a opinião de Alexandra Lucas Coelho quando diz que entre um Governo e as pessoas escolhe relatar o lado das pessoas. Mais do que na linha de guerra o jornalista está na linha de conflito. O conflito dos que vêem nas palavras de quem relata, opiniões e posições partidárias ou ideológicas. O jornalista torna-se quase no alvo de quem não está "lá para ver" e a única forma que tem de criticar uma guerra é atirar sobre o discurso do jornalista que por si só já não tem o trabalho facilitado.

Natacha Meunier


Link do livro Caderno Afegão da jornalista e autora Alexandra Lucas Coelho: http://cadernoafegao.tintadachina.pt/

terça-feira, 13 de abril de 2010

Media Públicos? Coisa do 3º Mundo


"Governo garante que RTP não será privatizada"in JN

Era uma vez um país sem estações televisivas pagas pelo Estado. Um país onde as empresas privadas não viam meio para atingir mais lucros. Onde os senhores engravatados, que falavam economês transpiravam notas de 500€. Onde os apresentadores tinham sido substituídos por robôs com baterias económicas e a palavra Jornalismo censurada..

Já pensaram no meio desta conversa toda onde é que fica o espaço para uma coisa chamada Jornalismo? Que diabo passou pela cabeça dos que se permitiram a ter esta ideia magnífica? Da última vez que verifiquei (sei que a Wikipédia pode não ser uma fonte 100% segura) ainda éramos um país em democracia. É muito engraçado dizer que o prejuízo é muito mau, é menos engraçado omitir que a liberdade de expressão de um país se traduz directamente nos meios de comunicação social. Mal de nós se ficássemos sentados no sofá a assistir à tomada de posse definitiva dos interesses privados sobre o interesse público. Ou foi assim há tanto tempo que houve interferências de empresas privadas em estações televisivas, e em espaços de suposta informação? Resta esperar que esta decisão não seja a curto prazo ou o "Era uma vez" passa de história da carochinha a História de Portugal.

Natacha Meunier

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Olha o Passarinho! Made in USA



Com certeza este vídeo já não trás novidade. A troca de câmaras fotográficas por AK-47 é um erro perfeitamente banal. É mais banal ainda trocar jornalistas e civis por terroristas. Os milhões de euros que os Estados Unidos tanto investem e mesmo depois de Obama continuam a investir serviram e servem para a banalidade desta filmagem. É assim que se consegue paz entre nações. Com fedelhos que mal distinguem um jogo de vídeo da realidade ou melhor, preferem não distinguir. Acham que isto da guerra é como nos jogos só que tem mais adrenalina.
Miúdos pouco mais velhos do que eu que nem sabem a capital ou a história do país ou da cidade de que acabam de plantar uns quantos mísseis. E isso para quê para servirem a grande pátria que é os EUA? Uma pátria de narizes apontados ao alto, com a impressão que é a maior? Não é com um legado de casos como este que a América pode continuar a querer brincar ao faz-de conta que é crescida e que as acções que toma têm uma maturidade inquestionável. Agora pergunto eu, quem vos disse que eram assim tão bestialmente bons ao ponto de serem os responsáveis por isto?


Natacha Meunier

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Diagnóstico - Dupla Personalidade


"Jardim diz que o país está ‘reumático’" in SOL
Se o Sr. Presidente do Governo Regional da Madeira diz que o nosso país está reumático então eu digo que ele está cirroso e vamos brincar a quem chama mais nomes a quem. Se a ideia é andar com isto para a frente como disse o querido Jardim num congresso de reumatologia (passo o pleonasmo, coisa a que o Sr. Presidente também não resistiu), porquê estar a bater no ceguinho?
É a mesma coisa que dizer, vamos lá ver se as coisas melhoram mas o problema é que está tudo mal. É muito giro dizer que o país "tem que arregaçar as mangas" e tudo mais mas também é giro passar anos e anos a atirar para este lado bordões políticos conforme o estado de espírito. Ora a meu ver que não sou amante magnata da política actual, também não é com a ideologia de pobre coitadinho que sofre de reumatismo que vamos a algum lado. Estamos precisamente sempre a pensar que temos que ir a inúmeros lados ao mesmo tempo, e quem não corre por gosto cansa. Com saídas deste género não tarda a cansar-mo-nos de vez a pensar que continuamos e vamos continuar sempre na cauda da Europa. Já deixou de ser um problema geográfico, já passou a ser doença e muito graças aos amigos doutores hipocondríacos que adoram diagnosticar a paralisia deste país. Políticos desta terra, parem por um momento de quer ser aquilo que não são e sejam por um momento aquilo que nunca querem ser.

Natacha Meunier

terça-feira, 6 de abril de 2010

A panela de pressão













Dou por mim espectadora de uma conversa em que a frase é “ a empregada arranhou o fundo da panela, a minha filha quer que a despeça”. A discussão é acesa sobre as incompetências das empregadas e as vantagens e desvantagens de se ter uma cabeleireira a desempenhar a função. “ Partir, não parte nada, mas é tão lenta!” É verídico e aconteceu-me não há muito tempo numa daquelas conversas de circunstância em que eu me esforço mais por parecer interessada no que os outros dizem do que propriamente em acrescentar algo à conversa. Aquela frase ficou-me na cabeça, enquanto aqueles pés de microfone ficavam ali a dispersar-se acerca dos seus problemas de “esgotamento pós-empregada” eu ficava a conter-me entre o riso e o choro. O riso, pelo significado que atribuíam a uma simples arranhadela de panela. O choro, pelo significado que atribuíam a uma simples arranhadela de panela.
Não é estranho serem gastos milhões de euros e milhares de horas a tratar dilemas e frustrações quando até um episódio que envolve panelas e esfregões de cozinha serve para discussões elevadas à décima potência em que o único objectivo é encontrar um problema onde não o há? Nada estranho parece-me. Parece-me precisamente o contrário, que não são aqueles que passam por verdadeiros dilemas e traumas que formam a maioria dos amontoados às portas dos psicólogos ou psicoterapeutas. Quem passou por guerras ou catástrofes naturais é provavelmente quem aprende a enfrentar o infortúnio sozinho. Claro que não podemos pensar em tudo o que está de pior com todos à nossa volta mas fazer da falta de habilidade de uma empregada (que por si só já implica alguma sorte pelo menos a nível económico) um esgotamento nervoso também não é razoável.
Mais do que arranhada aquela panela foi a desculpa para um desabafo de auto comiseração de alguém que naquele momento não teve nada mais pertinente do que o alumínio.

Natacha Meunier

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quatro paredes, Uma vida


Recentemente a minha vida sofreu uma ligeira mudança. As quatro paredes a que já me tinha acostumado, foram-me arrancadas num abrir e fechar de olhos. Pode parecer lírico mas neste caso a realidade quase que deixou de o ser pelo curto período de tempo. Aquele pedaço de cimento deixou de me pertencer como se nunca tivesse sido meu. A terra que me viu crescer em poucas horas viu-me também partir.
Dizem que as pessoas se prendem demais à casa onde vivem. Pode sê-lo em alguns casos, mas acredito que neste, e na maioria, não é ao espaço que se afeiçoam, é a tudo a que esse espaço já deu abrigo. A todas as pessoas que por ali já passaram, a todas as memórias que por ali ficaram. Não é o deixar uma casa que afecta as pessoas. Pedaços de cimento encontram-se por toda a parte. E sim, aí concordo com todos os que dizem que as pessoas dão demasiado valor a uma casa. É a mudança, a mudança de parte da nossa identidade que, ao contrário das posições mais positivistas, não têm sempre que trazer uma melhoria anexada à vida de quem muda.
Mudar não tem que ser sempre bom. Peço desculpa ao negócio multimilionário de livros de auto-ajuda que insistem em afirmar o contrário. Mas por vezes o que vem aí não é suficientemente bom para cobrir o que foi deixado para trás. Não estou a falar de perdas drásticas ou o texto seria de carácter bastante mais dramático mas mesmo assim cada perda é uma perda e é traduzida de maneira diferente de pessoa para pessoa. Para mim hoje, quatro paredes significam uma vida.

Natacha Meunier